É inegável o papel revolucionário e transformador que se operou em Portugal com a Revolução de 25 de Abril de 1974. Papel transformador que atingiu todos os setores. Todavia, gostaria, no ano em que se comemoram os 50 anos do “dia inicial inteiro e limpo”, como o batizou Sophia de Mello Breyner, de destacar o da educação, do ensino superior e o seu papel no desenvolvimento do país.
A democratização da educação e do ensino superior em Portugal: a importância do 25 de Abril
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A instauração da democracia em Portugal teve um impacto muito significativo na educação e em todo o sistema educativo, sendo que um dos principais efeitos foi, precisamente, o alargamento da sua base social possibilitando a todas as crianças e jovens, independentemente da sua condição económica e social, aceder, permanecer e obter sucesso.
Este processo de alargamento do ensino permitiu, também, avanços significativos ao nível do ensino superior. Nunca é demais recordar, até 1974, existiam apenas 3 universidades em Portugal: Lisboa, Porto e Coimbra, o que implicava que o ensino superior fosse um caminho reservado apenas para algumas elites economicamente mais favorecidas.
O ensino superior, nomeadamente os politécnicos, tiveram um papel crucial na garantia da democratização do acesso ao ensino e da sua disseminação pelo país. Veja-se o caso de Barcelos e do impacto que a criação do IPCA teve no concelho e na região. A sua criação é indissociável deste processo de democratização do ensino superior.
O IPCA tem, ao longo destes seus 30 anos, dado um contributo inestimável para o desenvolvimento do país e dos territórios onde está inserido – Cávado e Ave. O processo de descentralização, sair do Campus e fixar-se em Braga, Guimarães, Famalicão, Esposende e Vila Verde tem permitido levar o ensino superior aos concelhos mais populosos do distrito e, desta forma, contribuir para a democratização do ensino superior.
O caminho de alargamento e democratização do acesso e sucesso educativo permitiu ao país ganhos significativos na elevação dos níveis de escolaridade da população, na redução dos níveis de pobreza e desigualdades sociais.
Não fora este investimento na educação e no ensino superior e o país não teria conseguido aproximar-se e, nalguns casos ultrapassar, as metas a que se propôs em termos de qualificação dos jovens e dos adultos.
Os ganhos e progressos conseguidos através da educação e do ensino superior têm, de igual modo, repercussão ao nível da riqueza produzida pelo país, nos níveis de competitividade do nosso tecido económico e social. Assim como no desenvolvimento da cultura, do conhecimento e da ciência.
A educação e o ensino superior são um pilar fundamental para a construção de um país mais próspero, inovador e culturalmente enriquecido. Toda essa dinâmica, alicerçada na qualidade do ensino ministrado, na investigação e na valorização cultural, tem sido fulcral para nos posicionarmos entre os melhores ao nível mundial, contribuindo para a formação de uma nova geração de profissionais altamente qualificados.
O legado do 25 de abril é grande, as suas conquistas são amplamente reconhecidas, mas é claro que ainda há um caminho muito grande a fazer-se. Mas não fora o 25 de Abril de 74 e as políticas públicas daí decorrentes e, certamente, não teríamos feito tantos e tamanhos progressos! O 25 de Abril faz-se diariamente, com sentido de missão e lutando pelo bem comum. E as instituições do ensino superior e o IPCA continuarão a trabalhar em prol desse bem comum.
*Presidente do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA)
Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP)
Foto: ©IPCA