25 de Abril – Uma conquista cheia de oportunidades

TÂNIA FERREIRA*
Farmacêutica
25 de Abril 2024
25 de Abril – Uma conquista cheia de oportunidades

Foi há 50 anos, dia 25 de Abril de 1974, que se abriu a porta que Novembro impediu que fosse fechada. Deu-se início ao nascimento da Democracia portuguesa, que conduziu a profundas transformações económicas, sociais e culturais. Com isso, abriu-se um caminho que nos permitiu alcançar a Liberdade, uma Liberdade que necessita de ser relembrada por todos e que nunca deverá ser vista como garantida.

É crucial que estejamos atentos ao horizonte de possibilidades que a Liberdade nos dá e mantermos a determinação, coragem e audácia dos “Capitães de Abril”, continuando a ser mensageiros e promotores da Liberdade, olhando o futuro com bravura e sem medos.

É imperativo continuar a dar valor à Democracia e à Liberdade e continuar a lutar pelo Abril que falta cumprir nas suas aspirações e valores duradouros: lutar por pensões e salários mais justos; maior flexibilidade laboral; eliminar a precariedade; corrigir a emancipação cada vez mais tardia dos jovens, que se reflecte na acentuada dependência dos pais; garantir acesso à primeira habitação, que constitui um direito fundamental e que hoje está ao alcance de muito poucos; garantir o acesso à educação e aos cuidados de saúde.

Enquanto mulher nascida mais de uma década depois do 25 de Abril, com formação na área da saúde e exercendo, actualmente um cargo político, olho para esta conquista sobretudo com esperança e com muita responsabilidade.

Que nunca nos esqueçamos que a ausência de Liberdade deixou marcas difíceis de ultrapassar nos nossos antepassados e, por isso, cabe-nos honrar o feito alcançado e continuar a colocar em prática, com arrojo e sensatez, a Liberdade conquistada há 50 anos. É fundamental continuarmos a minimizar as diferenças que ainda existem na equiparação com os homens, nomeadamente no trabalho e no direito a um salário igual para funções similares.

Portugal é um dos países com maior número de mulheres na área das ciências e a tirar doutoramento, mas a maioria dos cargos de topo continuam a ser ocupados por homens. Para que Abril se cumpra são necessários mais apoios para que as mulheres não adiem ser mães por falta de flexibilidade de trabalho, por dificuldade em conciliar a vida profissional com a familiar, por medo de perderem o emprego, por medo de não atingiram o topo de carreira.

Sem dúvida que o 25 de Abril foi um momento paradigmático da mudança da relação da mulher com o mundo, mas deverá ser sempre visto como uma porta para todas as conquistas que ainda não se cumpriram e como um caminho cheio de oportunidades.

A Liberdade de Abril não consiste em fazer apenas o que gostamos, mas sim em ter o direito de fazer o que devemos por Portugal e por todos os portugueses.
Que nunca nos falte a coragem e audácia de lutar e de querer ir sempre mais longe!

*Presidente da Junta de Freguesia de Tamel S. Veríssimo, Barcelos

Foto: ©DR